Por Talissom Santos e Fábio Sena
Entusiasta e grande responsável pela existência da
Mostra Cinema Conquista, cinéfilo e agitador cultural, Esmon Primo tem
convicção de que a produção artística e cultural brasileira será profundamente
afetada se o presidente Jair Bolsonaro levar adiante a ideia de interromper o
processo de financiamento da Agência Nacional do Cinema, a Ancine. Segundo ele,
haverá impacto também econômico, vez que o fazer cinematográfico mobiliza
artistas e um conjunto de outros profissionais, como eletricistas, pedreiros e marceneiros.
Em conversa com o Megafonte , Esmon Primo usou como
exemplo o longa-metragem Alice dos Anjos, dirigido pelo cineasta conquistense
Daniel Almeida. “A produção envolveu diversas pessoas: artistas, artesãos,
profissionais elétricos, pedreiros, marceneiros. Então, o cinema movimenta a
economia de uma cidade, independentemente de onde ele é”. Sobre a Mostra, Esmon
afirma que o objetivo continua sendo mostrar o que está sendo produzido no
Brasil. “Estamos sempre trazendo um pouco dessa produção artística importantíssima
que é o cinema brasileiro”.
Abaixo, a entrevista com Esmon Primo:
Megafonte: Alcançar a décima quarta edição da Mostra,
o que significa?
Esmon Primo: Sempre é um esforço imenso para que a
gente traga para Vitória da Conquista e região um recorte, até pequeno, do que
se está produzindo no Brasil a cada ano no cinema brasileiro. Agora, por
exemplo, Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, ganhou em Cannes. E também outros
filmes, como A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, inclusive dois filmes muito
cotados para a Mostra, mas apesar de nossas articulações não foi possível. Mas
é isso, estamos sempre trazendo um pouco dessa produção artística importantíssima
que é o cinema brasileiro, que fala das coisas próximas da gente, em todos os
sentidos, sociais, ambientais, culturais. Então, a Mostra é sempre isso: dizer
que existe esse cinema, que ele é muito forte, artístico e bonito.
Megafonte: No Festival de Gramado, o grande vencedor
foi Pacarrete, que recebeu recursos da Ancine. Neste momento, há um movimento
do governo federal para interromper o financiamento para o audiovisual brasileiro.
Quais os prejuízos?
Esmon: Então, este é um questionamento importante e
grave, porque até eu gosto muito de falar sobre isso: os governos têm que
incentivar a produção artística e cultural, de certa forma cuidando da gestão,
com leis, incentivos, editais, para que os artistas que criam suas peças de
teatro, sua música, seu cinema, através de produtores, possam fazer os seus
trabalhos. E a Ancine, através de um mecanismo de lei que possibilitou impostos
de cobrança por meio dessas quatro grandes operadoras de celulares, e esses
recursos tiveram um volume importante, de modo que de dez anos para cá, através
do Fundo Setorial do Audiovisual, foi possível alavancar a produção do cinema
no Brasil de norte a sul, de leste ou a oeste. Atingir a Ancine é atingir
gravemente a produção artística. Estamos agora fazendo o longa Alice dos Anjos,
do Daniel Almeida, um cineasta formado pela UESB, conseguiu um recurso da
Ancine e fez um longa-metragem. A produção desse longa envolveu diversas
pessoas: artistas, artesãos, profissionais elétricos, pedreiros, marceneiros. Então,
o cinema movimenta a economia de uma cidade, independente de onde ele é.
Bacurau, por exemplo, foi feita numa cidadezinha do Rio Grande do Norte. Veja como
movimentou aquela cidade e fez com que essas pessoas tivessem aproximação com a
linguagem cinematográfica e com esse fazer.

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