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Ava Rocha, suas tranças e a potencialidade feminina



 
Foto: Afonso Silvestre

por Letícia Mendes

“Sou eu queimando na fogueira no diabo”. Foi assim que a cantora, compositora, cineasta e performer Ava Rocha manifestou a força e sedução feminina por meio de performances inusitadas e impactantes. Na noite de estreia da 14º edição da Mostra Cinema Conquista, Ava, filha do homenageado Glauber Rocha, com um vestido preto longo contrastado com o chapéu vermelho, facas prateadas e uma máscara de cera em mãos, apresentou ao público músicas do seu álbum “Tranças”, no qual deixa claro, em meio aos gestos, que é ela quem manda no palco, em parceria com o músico Filipe Massumi.

Irreverente, Ava Patrya Yndia Yracema Gaitán Rocha brincou em cada minuto do seu espetáculo. No primeiro momento, deixou a plateia boquiaberta ao subir ao palco com um copo d'água sobre a cabeça de uma representação de cera, a qual não foi atribuído gênero ou nome. Ao longo do show, ela fez questão de hipnotizar os espectadores a cada movimento inesperado, desde deitar-se no chão e colocar um pano vermelho inteiro na boca, a “benzer” o público com respingos de água sobre a ponta de suas facas.

A música “Joana Dark” marcou a apresentação por subjetivar temas como feminismo, bruxaria e drogas. Ao incorporar o tema de sua música, a cantora interagiu diretamente com mulheres que, ao receberem o microfone, cantaram: “aqui sou eu quem mando, sou eu queimando na fogueira do pecado”, a fim de reafirmar a potencialidade feminina.

Axé Ava!


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