Por: João de Jesus
Foto: Érica Caetano em Dicas
Foto: Wilson Aielo/EPTV
Foto: Érica Caetano em Dicas
Quem
ler apenas a manchete pode entender que o assunto é apenas sobre o modelo
político de vários países, como o Brasil. Mas quando o contexto passa a ser das
populares “repúblicas”, casas que residem estudantes que estão longe dos pais,
os entendimentos são outros. Porém a questão que fica é qual a relação entre um
país que tem modelo republicano de governar e uma república de alunos?
Antes
de tudo, deve – se levar muito em conta a dificuldade de estudar e não está
perto dos pais. Tudo pode dá um jeitinho, mas a saudade é o mais difícil, não
esta com a família faz o estudante ser outro. “O que minha região tem de tão
ruim, para não ter faculdade similar a que estudo aqui?”, frases como essa são
proferidas por muitos estudantes quando os pais ligam e pedem para voltar.
Mas
a vontade de realizar os sonhos é alento para esses estudantes que precisam se
acostumar com a vida independente e insegura, fazer diversas atividades que não
precisava fazer quando estava com os pais, assumir a responsabilidade de se
virar sem ajuda de quem o gerou e não esta com quem sempre te apoia realmente são
os maiores problemas, não apenas para quem mora em república, como também quem
mora só.
Morar
numa república trás algumas dificuldades para os estudantes enfrentarem, em
muitos casos possui superlotação, portanto têm que conviver com pessoas
diferentes e seguir regras. A invasão de privacidade e falta de liberdade para
estudar ou fazer o que quer também participam desse cardápio de malefícios,
intrigas e barulho nem se falam, além do desperdício de comida e a falta de
organização, principalmente por ter que compartilhar todos os cômodos da casa
com outras pessoas, o que aumenta mais a falta da privacidade. Embora se for
levar em conta para o lado da solidão, quem sofre, muitas vezes, desse tipo de
problema é quem mora só, são pessoas que naturalmente sentem mais a falta da
família, pois ao mesmo tempo em que a república tende a ter problemas, no fundo
é uma família e se até nas melhores famílias também se tem desconfortos, o que
iria esperar de uma família formada por jovens estudantes.
Para
quem mora na república, basicamente, não é tão solitário, e por isso mesmo que essas
casas são comparadas com o “Big Brother” ou “A Fazenda”. Características em
comum são percebidas como a obrigação de seguir regras, ter punições, existir
rivalidades entre membros, as chamadas “panelinhas”, que querendo ou não vão
existir em quase todos locais, egoísmo, falta de alteridade (interação/interdependência
entre o “eu” e o outro), conviver com pessoas de diferentes gêneros, entre
outros aspectos que fazem da república quase como um “reality de sobrevivência
na casa”, ou seja, “para se morar numa republica, nunca pode ter frescura”.
Mas
o estudante que mora numa república sente impactos com relação ao seu estudo e
essa relação entre a universidade e a república é vista como ótima na questão
de tempo e ruim no quesito de estudo. O básico é que em muitas republicas o
estudante é contemplado em não precisar fazer almoço, dificuldade enfrentada
para quem mora só, que além de estudar ainda tem que se preocupar sempre com o
que comer. Outro fator muito recorrente é não se sentir sozinho depois de uma
recaída. Muitos estudantes sofrem com a ansiedade e as decepções, que nem
sempre são amorosas, mas sim acadêmicas, mas chegar num local com varias
pessoas não tem como ficar triste por muito tempo. Além disso, o conhecimento
que é adquirido, morar com mais pessoas pode haver compartilhamento de
informações e ideias, enfim a pessoa ganha muito tempo e aprendizado, mas para
estudar isso já é complicado, pois o momento que um tira para estudar pode ser
o mesmo que o outro tira para ouvir musica ou jogar ou qualquer atividade que
atrapalhe quem esta estudando.
No
caso do IFBA, um grande problema é a distancia, às vezes, por os IFs serem, na
sua maioria, longe dos grandes bairros e consequentemente, a república pode
ficar bem distante nesses casos. Mas basicamente na relação da faculdade com a
república se percebe que o problema não esta na república, mas sim nos membros
ou na logística de ir à faculdade, a república independe do que o estudante tem
de negativo no contexto universitário.
E
é isso que é relatado em muitas repúblicas, nem tudo é ruim, há diversos pontos
positivos, não ter gastos excessivos é a principal causa que segura alguém numa
casa de estudantes, até por que estudar já gera vários custos e quando não
precisa desembolsar um valor absurdo em aluguel na cidade grande é uma dádiva
para quem esta longe de sua casa própria. Assim, morar em repúblicas não é uma
escolha, mas sim a opção mais viável. Sem esquecer-se de outros fatores, pois
dividir o espaço com mais pessoas, é claro que se criam laços de amizades, então
o psicológico também é influenciado, essa socialização auxilia na relação
humana e ajuda na experiência para um futuro profissional. Além disso, tem que se
levar em conta a burocracia que é para se entrar numa casa de estudantes, então
quem esta nela acaba não querendo sair, pois dificilmente consegue voltar.
Outro fator importante é a segurança de morar com diversas pessoas, em alguns
casos também a não necessidade de fazer almoço, o que é um sonho para todo
estudante, chegar da aula e já ter comida pronta ajuda no tempo para realizar
outras tarefas. Contudo, para quem quer independência e liberdade, quase sempre
só são adquiridas quando se mora sozinho.
Parece
muito uma gangorra, dois lados bem opostos, o que falta em um tem no outro, por
exemplo, morar sozinho tende a ter maior privacidade, conforto, ser livre para
poder lavar a família ou amigos para perto, estudar em silencio, quase tudo que
necessita para quem esta na república, embora a convivência e a redução de
gastos já são necessidades de quem está sozinho, mas só existe onde a casa é
compartilhada. A pergunta que fica no ar é, se muitas pessoas preferem está na
republica por causa da condição financeira e outras preferem morar sozinho por
conta da independência, quanto custa à liberdade?
Realmente
muito difícil responder, o conceito de liberdade no contexto da modernidade se
baseia muito no quesito financeiro, mas o que chama mais atenção é que nunca a
pessoa esta completamente satisfeita, então sempre vai haver lacunas para
haver mudanças e nunca estipular um valor para a liberdade.
Na
república sempre vai haver necessidades de mudanças, até por que viver longe
dos pais já é difícil para o estudante, então se o processo de morada na casa
dos estudantes fosse diferente ajudaria e muito os integrantes, pois já há um
gasto do poder público da cidade de origem, bem como uma expectativa de retorno
social. Primeiro a mudança deve partir dos próprios residentes, em questão de
higiene, até por conta da quantidade de pessoas dividindo o mesmo espaço,
somado as visitas de familiares dos membros da casa faz requerer um ambiente mais
harmônico do que o presenciado em muitas repúblicas.
É
necessária uma escala mais rígida dentro da própria casa para a questão da
limpeza do espaço como um todo e do zelo por esse patrimônio publico, além da
conscientização de cada pessoa em relação à convivência com respeito e sem
barulho, ficando assim a critério de cada órgão impor uma regra preestabelecida
sobre a questão de horários e altura suportáveis de barulho. Essa empatia de
cada um se forma no intimo de cada pessoa na medida em que entendem que estão
atrapalhando quem realmente quer estudar ou dormir naquele momento. Então é necessária
a compreensão de saber diferenciar o que é interação e o que é “alvoroço”.
A
seleção para ingresso nessas casas tende a ter regras e critérios que não são aceitas
por todos os integrantes, às vezes entram pessoas com condição financeira maior
e outras de condição inferior ficam na fila, isso pode fortalecer ainda mais a
rivalidade dentro da casa, por que nem tudo é aceito por unanimidade. Sem
contar a igualdade de vagas para os gêneros diferentes, em alguns casos, sobram
vagas para um gênero e falta para outro. Levando isso em conta, há uma
necessidade de expansão do espaço e uma fiscalização mais externa, que não
sofra influência interna para ajudar resolver questões de dentro da república, além
da casa própria, até por que em muitos casos a república ainda é um espaço
alugado, o que requer maior custo da cidade de origem comprometendo diversas outras
atividades custeadas com o dinheiro público.
Em
se tratando de um lar de estudantes requer uma maior organização de atividades
de lazer e cultura para não deixar o psicológico do aluno apenas ligado no
estudo. Somado a isso, uma organização de eventos, como feiras de saúde e de
inclusão social, em prol da população da cidade de origem, pois apenas receber o
beneficio do poder publico da cidade e não prestar serviços a comunidade não dá
total credibilidade para a república perante a cidade na qual é representada.
Oportunidades como essas estariam prezando pela continuidade do espaço para
futuras gerações que irão também necessitar usar a casa.
Portanto,
os dois tipos de repúblicas (escolar e sistema de governo) se assemelham no
aspecto das regras, punições, serem sustentadas por dinheiro publico, entre
outros, mas o que mais pode chamar atenção é que nos dois casos não se tem
solidão, se na casa de estudantes há diversas pessoas usando o espaço ao mesmo
tempo e de forma análoga, com os mesmos direitos e deveres, no país republicano
também não há solidão no estilo de governar, há diversos órgãos que se juntam
para se formar uma democracia, na qual todos dependem de todos.
A
verdade é que estudar requer atenção e dedicação, independente da escola ou
faculdade que a pessoa estuda ou independente da forma que vive: sozinho ou com
varias pessoas, quem faz o estudo ou o espaço em que esta habitando é a pessoa,
mas basicamente como Charles
Darwin falou, o ser humano pode ser adaptado pelo meio em que foi exposto,
então essas características podem servir para a população refletir e entenderem
em qual modelo se encaixa melhor em busca de seu sucesso enquanto estudante e
cidadão.


Esse texto foi feito para mostrar o modo de vida de muitas pessoas que moram longe dos pais, como eu, e tende a esta sujeito à diversas situações, mas que mesmo assim ainda enxerga coisas boas. E foi feito com a ajuda de diversas pessoas, vocês que me ajudaram sabem o quanto eu agradeço. Gratidão aos estudantes de Letras, Agronomia e Administração da UESB e Engenharia Ambiental e Química do IFBA. A todos vocês o meu muito obrigado
ResponderExcluirDesculpe os erros de ortografia
ResponderExcluirSem sombras de dúvidas você é capaz de progredir nesta profissão nobre que é o jornalismo, visto que os fatos expostos são isentos de ficção e hipérboles. Enfim, desejo sabedoria, defecação e humildade, sempre com força foco e fé em Deus para realizar todos seus objetivos. Parabéns pela matéria.
ResponderExcluirMuito obrigado mesmo. Foi muito trabalho para realizar esse trabalho completo, mas valeu a pena. Seguirei sempre assim valeu 🙌
ExcluirGostei do texto! Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigado
ExcluirNão sei como é conviver em república, mas certamente nesse texto vc descreveu bem como é. Parabéns pelas palavras e vc vai longe!
ResponderExcluirRealmente tem os lados bons e ruins e procuro sempre buscar mostrar os dois lados para ficar fácil ao leitor o entendimento. Obrigado
ExcluirBoa João! ! Vc descreveu muito bem a cerca do que é vida em uma república estudantil. Pq eu moro em uma república estudantil e sei muito bem como é viver nesse espaço. Que é ótimo principalmente para quem não tem condições financeiros realizar seus sonhos através dos estudos. Entretanto, morar em uma república muitas vezes parece um teste de sobrevivência. Mas acredito que isso so nos fortalece, ja dizia Nietzsche aqilo que não me mata so me fortalece.
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