Pular para o conteúdo principal

Rogério Sagui e a Necessidade de Registrar Histórias




Por Daniela Palmeira, Nataly Leoni, Raila Costa, Samantha Gracez

Foi exibido ontem (03/09), na 14ª mostra de cinema de Vitória da Conquista, juntamente com outros filmes, o documentário "As memórias de um quilombo vivo", dirigido por Rogério Sagui.

O documentário foi filmado na Lagoa do João, povoado situado na zona rural do município de Poções - Bahia, com o objetivo de trazer ao conhecimento a história do quilombo e sua importância para região, além de claro, ser um presente aos quilombolas, que viam as histórias dos outros serem narradas, desejando um dia ver suas próprias histórias materializadas e reconhecidas como forma de resistência, carinho e orgulho de seu povo. Narrada de forma "visceral", como diz Rogério Sagui em entrevista ao Megafonte, o documentário traz o relato de vários moradores, que transmitem de forma livre e espontânea a sua relação com o quilombo, a importância daquele lugar nas suas vidas e parte da trajetória e momentos marcantes já vividos no povoado.

Além da produção de Rogério Sagui, o documentário conta com a ajuda de Leandro Silva, morador do quilombo que também conta sua história, convidado pelo diretor para ajudar no processo de produção do documentário. Como explica Sagui: " [...] convidei um jovem de lá, quilombola da Lagoa do João, para ser o produtor. Falei: 'eu quero você, quero que você produza junto comigo' [...]".

Quando perguntado sobre a mostra de cinema e a importância de  Glauber Rocha para o cinema nacional, Rogério Sagui enfatiza: “[...] Glauber tinha a coisa da palavra, de questionar, são filmes de diálogos muito políticos, e isso é muito importante para a gente. Ele é um mestre realmente, onde você fala de Glauber Rocha, o mundo inteiro vai saber que ele foi um gênio, e ter meu filme lá  nessa homenagem pra ele é sem palavras [...]”.
 
O documentário não veio com exclusividade para Mostra de Cinema de Vitória da Conquista, já tendo sido transmitido em outras mostras de cinema e estando com data marcada para próximas exibições.

Rogério Sagui, já está finalizando as produções do seu próximo filme: "Rosa Tirana", aguardado com muita ansiedade por aqueles que tem um contato direto com seu trabalho. O filme conta com a participação especial do ator José Dumont e participação da trilha sonora por Elba Ramalho. O diretor ficou muito emocionado quando falava do novo projeto: “[...] Rosa Tirana é diferente, ele me toca a alma, é uma poesia assim quadro a quadro, é como se você estivesse entrando dentro de uma galeria de obras de arte e vendo várias telas, a história é contada assim por tela sabe? De você olhar, de ver a beleza, mas ao mesmo tempo essa beleza tem um dedinho na ferida ali que é uma beleza que dói, a poética é tão linda, mas é uma coisa que dói assim e você não consegue explicar [...]”.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Mostra na periferia: “nem muitas pessoas tem essa oportunidade de ir ao cinema”, diz Ana Paula, moradora do Bairro Urbis VI

Por Gabriel Aguiar Ontem, 04/09, foi realizada na quadra poliesportiva do Bairro Urbis VI, o segundo dia de exibição de dois curtas e um longa-metragem da Mostra Cinema Conquista, em uma espécie de Cine-Tenda. Pouco a pouco crianças, adultos e idosos foram se acomodando e tiveram a oportunidade de vivenciar o contato com a sétima arte, assistindo a filmes brasileiros. O primeiro a ser exibido foi o curta-metragem “Jéssika” de 2018, tendo como diretora, a pernambucana Galba Gogoia. O curta evidencia uma realidade de muitas travestis, que estão nesse processo de busca da aceitação de familiares e de si mesmas, colocando em discussão assuntos relacionados à identidade de gênero. Embora a cineasta não pôde estar presente, sua obra a representou com maestria: assim como Jéssika no filme, Galba é assumidamente Travesti. A segunda exibição foi o lançamento do curta “A fome de Glauber”, sob a direção de Denis Martins, estudante de Cinema da UESB. “Eu acho muito impo...

“Atingir a Ancine é atingir gravemente a produção artística”, diz Esmon Primo

Por Talissom Santos e Fábio Sena   Entusiasta e grande responsável pela existência da Mostra Cinema Conquista, cinéfilo e agitador cultural, Esmon Primo tem convicção de que a produção artística e cultural brasileira será profundamente afetada se o presidente Jair Bolsonaro levar adiante a ideia de interromper o processo de financiamento da Agência Nacional do Cinema, a Ancine. Segundo ele, haverá impacto também econômico, vez que o fazer cinematográfico mobiliza artistas e um conjunto de outros profissionais, como eletricistas, pedreiros e marceneiros. Em conversa com o Megafonte  , Esmon Primo usou como exemplo o longa-metragem Alice dos Anjos, dirigido pelo cineasta conquistense Daniel Almeida. “A produção envolveu diversas pessoas: artistas, artesãos, profissionais elétricos, pedreiros, marceneiros. Então, o cinema movimenta a economia de uma cidade, independentemente de onde ele é”. Sobre a Mostra, Esmon afirma que o objetivo continua sendo mostrar o que está se...